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Xamanismo 2017-07-29T18:49:07+00:00

O Xamanismo

Muitas são as definições disponibilizadas ao público nos livros e sites da internet em relação ao fenômeno Xamanismo. Uma simples consulta pode nos levar pelos mais diversos caminhos, muitas vezes, nos afastando do verdadeiro caminho.

Reproduzimos aqui as palavras do Xamã “Nuvem que Passa” a respeito do que seja Xamanismo. Compactuamos plenamente com sua visão a respeito deste que, sem dúvida, ainda é um dos grandes mistérios a serem desvendados aos olhos do homem moderno.

Leia a seguir, as definições, as origens, sua história como ‘caminho espiritual’ e os seus princípios sagrados.

O que é Xamanismo?

Xamanismo é um Caminho, é um Tao, e todo Tao que pode ser definido não é o verdadeiro Tao. Então fique claro que só um(a) praticante pode mesmo entender o que é o Xamanismo, nós aqui, no limite das palavras, vamos aludir, vamos apontar, vamos dar pistas, sem nenhum pretensão de definir,
pois só caminhantes entendem do caminho.

As palavras apontam, mas quem quer ver a estrela não fixa o olhar no dedo que a aponta. A maior parte das pessoas acredita que Xamanismo é um conjunto de ritos supersticiosos, evocação de espíritos e coisas assim. Mas isso é falso. Xamanismo é muito mais que isso.

Xamanismo é uma abordagem da realidade alternativa a esta que temos hoje, uma forma de se relacionar com outras realidades dentro de paradigmas completamente diferentes.

Qual a origem do Xamanismo?

O Xamanismo vem da origem dos tempos, de antes dela. O Xamanismo foi guardado pelos povos nativos mas não vem dos povos nativos, passou por eles, vem da aurora dos tempos, daquele período misterioso quando o ser humano ainda está surgindo e sabíamos conversar com os animais, com as plantas, com as montanhas e serras, com os rios e lagos, com os ventos, quando contávamos nossos segredos a eles e eles contavam seus segredos para nós, quando vivíamos em harmonia com a Vida e a Vida nos fortalecia.

Os povos nativos também viveram assim, nesta harmonia com a natureza e com a vida, por isto o Xamanismo foi um caminho entre eles, foi mantido e desenvolvido em seu seio.

Para falar do Xamanismo precisamos de mito e poesia, pois a palavra do discurso simples é limitada demais para abranger algo tão vasto, esta arte, ciência, filosofia e mística que de forma generalizada denominamos Xamanismo.

Qual a origem do ‘termo’ Xamanismo?

O termo Xamanismo foi consagrado pelo uso. Mircea Eliade em suas pesquisas encontrou no norte da Ásia, na região da Sibéria, homens e mulheres capazes de entrar em transe, de estabelecer uma PONTE, entre este mundo e outro, capazes de curar, de afastar tempestades, guardiães da história oral de seu povo.

Eram gente que sabiam andar no mundo das não gentes e sabiam travar contato efetivo com estas não gentes e voltavam do seu transe para este mundo e sabiam integrar tudo aquilo na realidade de seus cotidianos.

Xamanismo é uma religião?

O Xamanismo tende a ser encarado como religião. Para alguns civilizados que tem contato com as propostas do xamanismo pode ser, no sentido de caminho de religare, de se colocar novamente conectado a si mesmo, à natureza e a Divindade.

Porém, a sua origem e a sua estrutura é muito mais do que isso. Porque etmológicamente, religião é “religare”, conectar o que está desconectado e os povos nativos não estão desconectados, não estão precisando ser religados, estão em total sintonia com a vida, com a Divindade em todas suas formas.

Da mesma forma que não se “reviveria” o que está vivo, não vamos “religar” o que nunca foi desconectado, assim, para os povos nativos o Xamanismo não é uma religião, pois os povos nativos não precisam de religião, não estão desligados como os civilizados, assim não há o que religar.

Então o que é Xamanismo para o povo nativo?

O Xamanismo para o povo nativo é uma ciência, uma arte, uma filosofia e uma “mística”, não é religião, pois quem não está desconectado, quem não está “desligado” não precisa ser “religado”. Esta é a falácia, a triste mentira dos pregadores que vão converter os nativos. Eles chegam com suas religiões de pecado e medo, de conquista e domínio, roubam o paraíso que o nativo já vive e então lhes prometem um paraíso no futuro, rompem o estado de conexão plena e natural com a Divindade que o nativo já possui e oferecem suas divindades geradas a imagem e semelhança do ser humano, sempre no intuito de dominar e gerar servos.

O Xamanismo é um caminho

É a continuação das atrocidades da conquista que continua a cada dia. Nenhum povo nativo precisa de religião ou conversão, já tem a sua, milenar e completa, é uma violência esses pregadores que vão impor suas religiões aos povos nativos, religiões oriundas de um mundo que, basta olharmos a nossa volta, não resolveu os problemas básicos sociais, ambientais, políticos, econômicos e existenciais e tem a pretensão de impor a outros um sistema que nem para si mesmo serve.

Xamanismo é um caminho, não uma religião, porque religião no mundo de hoje é algo muito perdido, é um instrumento para homens e mulheres dominarem outros homens e mulheres, é justificativa para guerras, para atrocidades… o nativo não precisa de nada disso, o Xamanismo não trilha esses caminhos de mentira, então não podemos chamar algo tão amplo e complexo como o Xamanismo de religião, que tem se mostrado algo tão limitado.

Existem ramificações no Xamanismo?

O Xamanismo vai mais além, é uma vasta árvore, com frondosa copa, de muitos galhos e ramificações.

Existem ramos de Xamanismo de cura, dança, canto, música, contos, lendas, existem abordagens diferentes de como se aproximar do Xamanismo e de como trilhar o caminho, de acordo com a Tradição que o apresenta.

Quais os princípios do Xamanismo?

O Xamanismo está profundamente ligado a natureza. Assim, se formos falar de princípios do Xamanismo um deles será um elo com a natureza, uma postura ecológica constante, uma relação de respeito e igualdade com tudo que é vivo, um tratar dos animais e plantas como iguais, num nível que o civilizado tem dificuldade de entender.

O Xamanismo celebra a vida, os ciclos da natureza, mas o celebrar do Xamanismo não é adorar, não é prestar culto ou submissão a um ente superior. Para o Xamanismo tudo está interligado, assim tudo é igualmente sagrado. Um(a) Xamã se ajoelhando na terra não estará demonstrando “temor” a um ente superior, está se aninhando no seio da Mãe, se aconchegando na fonte de onde tudo provém, a Mãe Terra.

Textos: Direitos reservados á “Nuvem que Passa” e Instituto Xamânico Wakan Tanka.

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